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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

domingo, 5 de dezembro de 2010

O rosa e o concreto

O rosa e o concreto, a flor e o cimento. Mistura leve e dura, mansa e madura... Verso em flor de um olhar distraído, tempo quase perdido de uma vida revelada pela lente de um momento... o cimento e a flor: pura história de amor...

Nunca vi

Nunca vi uma flor de aroeira, mas aqui pensando nela, a desenho com um tecido meio nuvem, meio organdi... rosa claro e azul daqui desse céu, cor de lua azul. Acho que a flor de aroeira tem o cheiro de finzinho de tarde, a pele transparente e faceira de quem quase acabou de nascer e está pronto pra vida tendo pela frente uma vida inteira...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Que asas são essas?

Meu Deus! eu não sei nadar e sei de quase nada! eu não sei voar e me jogo da janela de meus sonhos todos os dias...
Que asas são essas que me sustentam e que água é essa que me alimenta e me
farta??

ONTOBIOGRAFIA DE MÃES E FILHOS (quase-título)

Tava aqui lendo a construção da história e tive a sensação de uma queda desavisada quando saí do milharal pra vida real. Tive um choque mesmo, meio que um trauma. Alguém sentiu o mesmo? Vou correndo refazer. Sem medo nem cerimônias, afinal, a vida é isso: um fazer e refazer sem fim, até que um dia, nada mais pode ser feito.
Vou então me arriscando e vocês, por favor, queiram me orientar, para que não me sinta solitária...

domingo, 7 de novembro de 2010

Capítulo por capitulo (a intenção é narrar algo que seja forjado aqui, neste espaço, e depois a gente decide o que fazer dos escritos). Por favor comentem e sejam co-autores dessa história.

Vinte anos. É a idade que tinha quando foi mãe e a idade que a filha tem hoje. Duas décadas atrás, o medo, a fragilidade, a insegurança, entre outros sentimentos que causavam dor e angústia, misturavam-se à expectativa do novo, do belo, do inesperado (mas sempre adivinhado) desejo de maternidade. Já na adolescência sabia desse destino dado ou desse sonho de ser mãe. Não. Não pelo fato de brincar de bonecas, até porque, não havia bonecas na sua infância, ao menos estas com ares e olhos e bocas e jeitos de seres humanos. É verdade que milhares de espigas, de todas as gerações, habitavam um milharal tal qual mesmo uma família e ali havia companhia de sobra nas várias personas distintas mesmo pelo tempo que era visível pela cor da roupa (palha) que vestiam e pela tintura do cabelo.
Coisa linda é um milharal, já viu algum? E as marcas do tempo desenhadas em cada pé, nas dezenas de espiguinhas, antes embrião de três grãos apenas e que hoje multiplica-se abraçados no tronco macio, verde-escuro, firme e acolhedor do pé de milho. É assim na comunidade dos milhos. Ainda em potencial, o desejo de vingar se manifesta já em três pessoa e em trio são deixadas no que será seu destino, seu curso, sua caminhada pelo tempo contemplando fases, tardes, cores, nascimentos, crescimentos, perdas até, a interferência do clima, da erva-daninha, dos predadores... sua vida enfim, que com todos esses predicados, não pode ser fim... o fim, transfigura-se assim no milho como no homem como o começo. É na semente que mora a vontade de ser milho e é no grão (outrora semente) que esta vontade é personificada, consumada. Agora grão, o milho pode ser vários: polenta, bolo de fubá, quirera, curau, pamonha, milho assado, milho cozido, sopa de milho e por aí vai... transfigurando-se em alimento e participando, como é do destino do milho, de muitas vidas... O mesmo grão, que fora semente, espiga, alimento e sabugo, volta a ser semente e inicia outro ciclo de vidas.

Quando finalmente consegui comprar um terreno, o fiz pensando mais no tamanho do terreno e na qualidade da terra do que na casa propriamente dita. Apesar de sonhar junto com meus filhos, todos os dias, com uma casa que fosse nossa. Com nossas alegrias, com nossas tristezas, nossas brincadeiras, pois éramos mesmo três crianças, brincando de ser gente grande (acho que daí se origina nossa capacidade de sustentação nesse mundo capital), enquanto tudo ao nosso redor sinalizada para sofrimento, peleja sem esperança, fracasso mesmo, já que somos uma família formada por três pessoas, sendo a mãe, divorciada, sem curso superior, tendo que sustentar sem o apoio algum da família dois filhos. Não. Não tínhamos casa mesmo. Graças à minha facilidade em lidar com as pessoas, fui de cara trabalhar no comércio e era feliz assim. Já divorciada, com uma criança de três anos e a outra por nascer, ainda não tinha casa pra morar. Até voltei pra casa de meus pais, mas se soubesse da dor que seria esse regresso, jamais o teria feito. Minha inocência não me deixou saber que ao retornar para a casa de meus pais, não era mais a mesma filha que voltava. Aquela moça solteira, estudiosa, brincalhona e de quem todos gostavam, parece que havia morrido e dado lugar a outra que eu jamais conheci. Foi uma recepção dolorosa, dilacerante, sofrível que só fui percebendo com os dias. Mais por parte da mãe do que do pai, aliás, o pai ficou muito feliz quando regressara às suas asas, acho que pra ele, a filha que voltava ainda era a sua filha que apesar de ter se aventurado pelas via do casamento e de seu fracasso e adentrar àquela casa onde tinha crescido, agora com dois netos, não perdera o que havia aprendido.
Mas para a mãe, não era assim, e a convivência era insuportável, desonesta, covarde e cruel. Que pena, podia ser bonito, pois agora com ares de maturidade, seria tudo mais fácil... ao menos deveria ser, mas não o foi. Essa relação dolorosa cravou no peito muita dor e decepção, mas também imprimiu uma força, uma resistência, uma resignação, que foram os temperos essenciais para a luta e sobrevivência desses três seres uns largados nas mãos do outro, ainda que disso só sabia mesmo a mãe...
Quantas noite, por falta de privacidade e de carinho mesmo, a menininha de três anos, quando ia se deitar com a mãe que trazia o seu irmãozinho na barriga, trazendo um arzinho de tristeza mas também de esperança, rezava com a reza que sabia fazer: “Papai do céu, muito obrigado por dia, eu amo minha mãe, meu pai e meu irmãozinho. Amigos para sempre. Eu quero uma casa rosa, com telhado e quintal de balança”.
Assim, junto com o sonho dela, eu só podia mesmo querer uma casa com quintal. E tendo esse desenho na cabeça, nós saímos todos os dias, nós três, pra pegar o ônibus cedinho e ir de uma cidade à outra travar nossa luta pra conseguir nossa casa rosa de telhado e quintal. Era uma alegria só. Sempre correndo pra não perder o ônibus, já subíamos direto no banco mais alto e íamos cantando todas as musiquinhas da escolinha lá do alto, sem nem ligar pro povo com cara de sono e com o espanto com que nos encarávamos. O repertório passava de “Borboletinha, ta na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha”, “Pombinha branca que estás fazendo.... pro casamento” e quando estas cantiguinhas acabavam, a gente arriscava coisas do meu repertório de MPB mesmo. Mas nunca chegávamos ao fim da linha sem uma música. Ela ficava na escolinha e eu e o moleque seguíamos para a loja...

Com a renda do comércio, consegui bancar nossa vida sozinha e depois que o menino nasceu, em Outubro, finalmente conseguimos alugar uma casa só nossa. Foi lindo!!! Mas esse episódio do nascimento merece alguma atenção, afinal, é parte também da luta pra conseguirmos um pouco da sonhada liberdade em uma casa nossa.
CONTINUA...

sábado, 30 de outubro de 2010

Flores(ser)

Flor de maracujá, flor de aroeira, de algodão, de urucum, flor de macieira. Flor de juá, de alecrim, de alfazema. Tem cravo, rosa, dama-da-noite, fulô toda prosa nesse poema. Tem onze horas, flor de maio e de outubro e uma chuva de pingo de ouro, pingando no olhar da gente. Quaresmeira, cerejeira e até flor de laranjei...ra botando banca pra quem passa, nem se lembra que ontem era semente. Um beijo com cheiro da flor que te alimenta a alma, se ela se ausentou desta listinha, mande um beija-flor trazê-la no bico, nas asas ou no coração...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poemo?

Já que não há outra opção
visto todos os dias minha armadura meio Dom Quixote meio Palhaço
e que me atirem no peito!!!

De alma lançada numa verdade que não me pertence,
Mas que insiste em me existir,
Lanço mão da resistência maior que em mim há:
Laço poemas
Poemo na cozinha, no fogão, na sala, na estante
E nos versos que diversos em mim,
Reinventam minha força, minha roupa, meu desejo

Por ora,
acho que vou ter que tirar minha armadura e
vestir meu uniforme de Amélia
mais uma das armaduras para enfrentar mais uma das batalhas
só que agora sendo outra...
que apesar da troca da blindagem, seu coração permanece o mesmo,
e só cresce dia a dia de luta e esperança

é preciso ser muitos pra se vestir de mulher

domingo, 3 de outubro de 2010

O Analfabeto Político

O Analfabeto Político

Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato
e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos
os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

sábado, 2 de outubro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Frutos

Uma revoada de abelinhas
anunciaram o aroma doce
dos frutos que brotavam
nas pontas das flores
minúsculas e várias

Fizeram festa à sombra do
pequeno gigante arbusto
que hoje é só Fruto em flor
só flor em fruto

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sonharia

.Eu queria um sonho novo,
.sonhar de novo
.pra existir um pouco mais.
.Pode ser até sonho de padaria,
.com cheiro de desejo infantil
.e sabores da infância,
.um sonho novo de novo,
.pra eu insistir em resistir
.um pouco mais.
.será?
.Ou refletir já me bastaria,
.ainda que em sonho de padaria?

domingo, 19 de setembro de 2010

Nesses dias

Nesses dias, meu quintal abriga o tom de frutos variados, de flores diversas.
Traz em suas asas o tom das borboletas, das abelinhas, dos passarinhos e dos ninhos todos que moram agora aqui.
Em um deles está aninhado uma plantação inteira de dentes-de-leão... de folhas, flor e flor-em-botão...
Assim, amanhece sempre em meu quintal e em meu coração cada vez que uma nuvenzinha de flor cisma em bater asas, em dançar com o vento...
semente pronta pra ser vida em outro lugar, em outro momento...

Ser Professor

Não, não sei ainda quem sou. Estou à procura. Por vezes sou mãe, irmã, tia. Algumas outras sou filha também, sou irmã mais nova e mais velha e sou até sobrinha. Estudante, aprendiz eu sempre fui, talvez por isso, tenha sonhado já na quinta série do meu tempo de escola em ser professora. Nunca mais este sonho saiu de mim e hoje aos quarenta anos, ele me acompanha dia e noite, em casa, na escola, na rua, em todos os lugares. Será que é isso que sou? Este sonho que sonhei e agora não quer mais largar de mim? Ser professora pra quê? Me perguntavam e eu respondia: pra estudar mais, pra aprender mais, pra dividir o que eu aprender com os outros.
Hoje, depois de ter passado pelos corredores das universidades, pelas salas de aula e dos professores e pelos pátios das escolas, posso ver que além desse sonho, mora em mim um desejo de mudança, de transformação, de alquimia mesmo... Não de mudança no sentido de trocar as coisas de lugar, mas de instauração de “outro”. É esse outro que busco e sempre busquei em meu ofício de ser humano e de ser professora. É esse outro que quero tocar, sentir, ver e com ele travar diálogos que façam sentido para ambos e para o mundo de ambos. Se este desejo de diálogo pode ser chamado de profissão professor, acho mesmo que estou caminhando pra ele... Talvez um dia eu consiga Sê-lo. Por agora, desejo discuti-lo e tentar contribuir para a construção de um caminho. É isso, um caminho para Ser Professor.

ANIMA

ALMA vai além de tudo o que o  nosso mundo ousa perceber...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Resposta a Barro

Quando eu crescer quero ser barro, pedra
qualquer coisa que saiba mais calar do que falar…
mais ser do que parecer…
quem sabe um dia,
uma vida qualquer,
quem?

domingo, 12 de setembro de 2010

Tenho dó

Tenho dó de não mais te ver assim,
de meus olhos não mais te adivinhar e te descobrir,
parte a parte, fala a fala, o você que eu vi crescer,
que eu vi nascendo, se fazendo, se revelando enfim...
Aprendi com você a cultivar olhares sobre ti, sobre mim, sobre tantos outros,
mas hoje, com mais mil de olhos aprendidos, com mais de mil lentes na face,
não acho o foco de te ver, não vejo mais o rumo de te aprender,
perdi contigo minha visão e agora procuro você em todo disfarce...
temo que seja tarde demais pra começar o be-a-ba
mas reaprendi que não devo viver de esperar...
a esperança, o que ela alcança é  dor de não ver o esperado
o desejo sim, é luz que revela, ponte que alça voo de alquimia,
e alumia o olhar pra dentro, o despertar para a mudança...
aqui sim, mora o que aprendemos por Esperança...

sábado, 4 de setembro de 2010

Passagem

De certo que estamos e somos todos guiados por algo ou alguém e que temos um ponto de chegada, um porto, um norte qualquer (por que não um sul?),
De certo mesmo, temos a ideia de que devemos andar, caminho adentro ou afora, e seguir.
Ir é a ordem do dia... Pra onde? com quem? Com o quê ou à quem?  Eis a grande questão...
O bilhete já foi comprado, a viagem confirmada e estação a estação, a vida passa
enquanto não percebemos que estamos de passagem...
Nas plataformas, às vezes vemos sem coragem, o trem ir embora e retomamos o fôlego para esperar o próximo.
Assim, à espera, do que não conhecemos, a vida passa
A passagem é certa, inevitável, inadiável...
O tempo, fiel companheiro, jardineiro do mundo,
Grita segundo a segundo, que a qualquer tempo,
pode não mais ter vida.
É quando a passagem tiver sido cumprida

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Entre um poema e outro...





    • Joaquim Dolz
      Poema para Eva Rocha
      de quem não sabe
      escrever em português
      mais sabe escrever eu mesmo...

      ...EU MESMO

      Ouço passar o vento /
      em movimento /
      Ouço passar a vida /
      em um momento /
      E só de ouvir o vento /
      em movimento /
      e de sentir a vida toda /
      em um momento /
      me perdo em querer /
      seguir de vento em vento, /
      sentir a vida enteira/
      como único alimento./


    • Eva Rocha e nesta ventania me entrego e me rendo, indo e vindo,vivendo mais e sentindo cada bater de asas, todo cair de estação...
      Pulsa em mim um desejo antigo e novo de povoar a própria vida no colo de minha mão...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

mil asinhas

Vejo mil asinhas em um único beija-flor
que de vento em vento traça seu mundo em movimento
e no seio de uma pétala qualquer trama sua vida, seu momento no ar
hora de chegada, hora de partida, hora de ficar

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Resposta à Santa

Acordei risos de olhos passarinheiros
sob o manto dos sonhos brejeiros
quis também navegar estas águas infinitas
tive o silêncio das pedras em meus braços
e o segredo das cantigas mais bonitas
deixo-o rascunhado em poucas líteras,
enquanto passos… passo, passo, passo a passo

Música linda do Chico (e minha também)...

Que nobreza você tem,  que seus lábios são reais? 
Que os seus olhos vão além, que uma noite faz o bem e nunca mais? 
Que salta de sonho em sonho e não quebra a telha? 
Que passa através do amor e não se atrapalha? 
Que cruza o rio e não se molha?

http://sonora.terra.com.br/#/cd/48537/nobreza/musica/583466/ludo_real

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desaniversário

"No tempo em que festejavam os dias dos meus anos, eu era feliz e ninguém estava morto."
Hoje de manhã dei de cara com uma mulher de quarenta no espelho e sutilmente dei-lhe um aceno...
deixei-a ali, parada, me olhando, enquanto seguia o meu dia de mim mesma, sem tempo, idade, rótulo ou qualquer coisa que me definisse, que me entendesse por completo.
Se quem entende morre, permaneço por escolha na busca pela descoberta, pelo novo que a mim se mostra diuturnamente, independente dos aniversários que insistem em bater-me à porta.

domingo, 22 de agosto de 2010

O absenteísmo docente... texto sensível e coerente



 É curioso, senão sintomático, que na escola, entre os professores, pouco discutamos o chamado “absenteísmo docente”. A recorrência das “aulas vagas”, se comprometem a aprendizagem dos alunos, também trazem prejuízos à normalidade da rotina escolar: juntar turmas, “adiantar aula”, dispensar os alunos, ou deixá-los sozinhos no pátio? Seja quais forem as alternativas encontradas para driblar a ausência de um ou mais professores no período de aula, é de se supor que isso traga alguma desordem ao planejamento dos demais professores presentes...
http://edu74.wordpress.com/2010/02/24/absenteismo-docente/

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um corpo?

Um corpo em movimento, na rua, na sala, na escola ou no portão: um ser, uma pessoa, alguém.
Uma pessoa sem vida, parada, na cama, no chão, na pedra gelada, caída: um pedaço, um corpo, aqui jaz ninguém.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sentidos

Um sentido: caminho, rumo, estrada: estrela-guia,
Cinco sentidos: tato, olfato, aroma, sabor: visão,
Sete sentidos ou mais: mistério, místico, terno-eterno-humano: intuição

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Milagre

E o  milagre se fez: em minha grafia, vejo borboletas bailarinas batendo as páginas azuis, como se fossem asas em pleno voo, aplaudindo-se...

Quem sou eu? Autor: Manuel Silva Costa

Eu estava na seiva, nos glóbulos vermelhos e brancos, nos raios solares.
Eu estava no sumo, no húmus, eu estava na lava, nas rochas magmáticas metamórficas e sedimentares
Eu estava na sopa primordial.

Eu estava nos seres unicelulares, nos protozoários, eu era a possibilidade da metamorfose primeira e última.

Eu estava na essência das eras primevas.

Eu estou nos elétrons, nos prótons e nos nêutrons.

Eu estou nos fios do teu cabelo, em tuas células cerebrais.

Eu estou na tua pele, nos órgãos que compõem o teu corpo.

Eu estou nas correntes de ar, em teus pulmões.

Eu estou no sólido, no líquido e gasoso.

Eu estou no teu impulso de levantar, eu estou na alvorada e no crepúsculo, no cosmo e infinito.

Eu estou nas cores do arco-íris, na íris dos teus olhos.

Eu estou na coragem, na vontade, no êxtase dos iluminados e poetas.

Eu sou a matriz de tudo o que há no universo e simultaneamente o universo inteiro.

Sou as idéias que se ocultam e cada fórmula, em cada hipótese, em cada descoberta.

Você é a razão de eu ser, e eu por você sou.

Então me diga: quem eu sou?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu sempre lembro dos meus sonhos

Sempre acordo com o gosto do sonho na boca.
Quando éramos crianças, a primeira coisa que fazíamos era contar um para o outro os sonhos que havíamos tido à noite. Minha mãe começava e nós todos, os irmãos seguíamos contando, cada um, seu sonho e todos sempre tinham o que contar...

Era bonito ver assim as manhãs sempre regadas das lembranças oníricas...
Hoje não me lembro mais dos sonhos daquelas manhãs da infância, mas continuo trazendo em cada abrir de olhos cada pedacinho das cenas e dos lugares que vislumbro  noites e sonhos adentro...

sábado, 31 de julho de 2010

Eu queria ser a Emília

Quando eu era criança, queria ser a Emília.
Sonhava com as histórias da Dona Benta e
saboreava em pensamento os bolinhos da Tia Anastácia...

Naquela época, eu também tinha uma canastrinha
e um milhão de bugigangas pra guardar:
Retalhos, papéis coloridos, canetinha, florzinha seca, botões ...

Parece que me sonho já se adivinhava em meio àquelas tranqueiras todas
e desafiando os mostros mais terríveis, fazia questão de trangredir a natureza humana
e me vestir de boneca de pano, armadura que me faz gente até hoje...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

reverso de mim

Perdi minha letra,
meu ponto de partida, minha vinda, minha ida... minha sustentação
hoje meu poema é centelha sem luz, 
caminho que não conduz, é reverso de mim...
é canto sem melodia, medo sem companhia, 
é esboço, projeto, início sem meio ou fim...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Escritura

Trama, texto, tecido, costura.
Ponto, linha, corte e recorte, sutura.
verso e reverso, arremate e avesso,
Rede que enreda cria e criador: escritura

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Grande Poeta Zeca Baleiro

"Quando o homem inventou a roda, logo Deus inventou o freio. Um dia um feio inventou a moda e toda roda amou o feio."

domingo, 11 de julho de 2010

A palavra sempre se dirige (conversinha com Rodolfo)

Com você, meu espelho, fica mais fácil me (re)ver e revisitar as instâncias de tantos eu-outros, quase perdidos nas pontes lançadas no oceano de verbo/letrarragia
que quase nos engolem diuturnamente.
Com o reflexo que me mostraste, pude limpar a névoa e me (re)conhecer,
nesse caminho que construímos passo a passo, palavra a palavra, voz a voz...

SEM HORAS, SEM DORES E SEM LIMITES: A Poesia Prevalece!!!


Minha história com o Teatro Mágico não é minha. É nossa!. Começou quando da janela do quarto de minha filha eu ouvia incessantemente o refrão “Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você...”. Este foi o primeiro contato com a poesia da trupe. No mesmo dia já ouvi o “Entrada para raros” inteirinho e me apaixonei. Fui estudar a história e o trabalho da trupe na internet e me (re)apaixonei...
Dias depois fiquei sabendo que a trupe mágica viria fazer um show aqui em Mogi. Pronto! Me animei inteira e usando a desculpa de levar meus filhos ao show, lá fui eu. Sorriso no rosto, ansiosa como se o show fosse meu...  Já na entrada do Clube de Campo dava para sentir a energia boa, a alegria e o colorido das pessoas que lá esperavam ansiosas pelo show. Em meio a refrões, poesias, flags, pancakes, malabares e muitos narizes de palhaço, experimentei uma harmonia e uma alegria honesta entre as pessoas que lá estavam e não tive dúvidas... me enturmei, pintei o rosto, tirei as máscaras e com orgulho vesti a mim e a muitos outros adolescentes com alguns narizinhos vermelhos que tinha levado a tira-colo.


O show foi maravilhoso, encantador, miraculoso. É um milagre nos dias de hoje reunir tantas pessoas em nome da poesia e da essência... Todos fomos tocados e cada um daquele lugar não seria mais o mesmo... Eu não era mais a mesma e tinha rejuvenescido uns 10 anos.


Sou professora e no dia seguinte lá estava eu compartilhando meu encantamento com meus alunos. Assistimos aos shows, ouvimos músicas, discutimos, refletimos, nos deliciamos e algumas semanas depois, meus alunos também já não eram mais os mesmos.
Reuniram-se e decidiram compartilhar com os outros alunos da escola o que tinham experimentado. Montaram um grupo "Os menos piores" e apresentaram espetáculo na escola inspirados na magia que tinham experimentado e mais uma vez o encantamento se propagou e a poesia prevaleceu...




Foi lindo... eles conseguiram atrair a atenção e os olhares de todos os alunos do período da manhã (e olha que não são poucos), apenas com suas performances... Vi ali pessoas se descobrindo e descobrindo outros... olhos que lacrimejavam e riam ao mesmo tempo, confusos pela simplicidade e riqueza do que viam. Muitos dos que duvidavam (durante os ensaios do grupo vieram nos pedir perdão e cumprimentar os alunos pelo espetáculo.



Mais uma vez muitos outros se descortinavam e a magia da arte cumpria seu papel. Estes alunos já não mais estudam na escola, muitos já trilham seus caminhos como homens e mulheres, trabalhadoras e trabalhadores, mas levam consigo a marca e a fortaleza que a arte tem o poder de nos emprestar... Muitos se enveredam pela estrada artística e não conseguem mais se desvencilhar desse bichinho que nos faz pensar, duvidar e nos mover (graças aos deuses e aos poetas!!!).



Eu, agora sendo outras, mais que nunca, continuo aprendendo-me e recriando-me para não me afogar na mesmície que insistem em nos empurrar goela abaixo...
Agora, ao lançar o DVD Segundo Ato, O Teatro Mágico confirma seu papel revolucionário, essencialmente democrático e continua pregando a liberdade no mundo da música e derrubando as fronteiras, pedindo para que o público "pirateie" suas músicas. Não é mágico isso? Enquanto o politicamente correta tenta banir a pirataria, o TM lança um novo olhar e promove a comunhão e a igualdade. Talvez este seja um exemplo a ser seguido em outras áreas da sociedade também, vocês não acham? Bom, não dá pra negar nem discutir a herança que este grupo, esta trupe, esta família deixou (e tem deixado). Sou, somos, testemunhas vivas e oculares disto!!!


Não perca a chance de participar desta corrente democrática!!! Acesse o site do Teatro Mágico.

sábado, 10 de julho de 2010

Saudade

A saudade que agora encontro é a essência do que parece não mais haver/estar por aqui... pseduo-ausência de ti (e de tudo o que foste, deste, fizeste)...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Retalhos

De retalho em retalho, ponto a ponto, a trama vai constituindo-se: tecendo-se,
De fio em fio enredando-nos vamos, vou, foste e iremos ainda muito mais...
Enquanto houver poesia, teia, tecido e tecelã,
Ouviremos vozes de avelã... (que eu nunca vi)
Mataremos a sede em lágrimas doces
E caberemos inteiros em conchas de mão...

sábado, 3 de julho de 2010

Hoje eu queria...

Hoje eu queria dormir o dia inteiro... carrego o sono de um mundo e sem enganos, nem planos, dormiria até a noite chegar. Espero então, em um segundo, todas as luzes se desacenderem, todas as camas se refazerem e todas os corpos se derramarem alma a dentro, pra que hoje eu possa dormir o dia inteiro e carregar sem culpas o sono e os sonhos de um mundo!!!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ELA...


Quando tinha menos de dez anos, ela pensou que podia sonhar em pintar quadros: árvores, sóis, pessoas e aquele cheiro de tinta a óleo que impregnava todo o dezembro.
          Um resto quadrado de compensado tornou-se uma tela gigante. Uns restos de tinta nas latas vazias, deixadas de lado, transfiguraram-se em divinas aquarelas e os pincéis próprios para as laterais das janelas, na arma do que viria a ser um pensamento infantil estampado naquele atelier que a vida lhe havia improvisado.
          Ali nascia um sonhozinho com qualquer coisa de pegada artística. As cores e a textura das tintas é que não colaboravam muito.
          Era um azul esverdeado, ou verde azulado que não se destacavam muito bem naquele tom marrom do compensado. Era muito sem graça.
          Bom, desta idade, sairam-lhe da cabeça e pousaram naquele resto de madeira, qualquer coisa, como algumas nuvens, duas árvores, um sol tímido e pessoas. Tudo meio pálido, tudo meio sem tom nenhum, que só existiam pela firmeza dos traços fortes e largos, que aproveitando a disponibilidade do pincel esquecido nas latas vazias, superavam a apatia daquelas cores sem cor que gritavam por atenção. Qualquer uma. Só atenção...
          Este episódio das tintas, assim como tantos outros, passaram. Perderam seu tempo e passaram. Outros viriam, como de fato vieram, para contribuir com aquela pseudo infância daqueles mais que reais sonhos de menina.
          Foi assim também com a história da bicicleta que ela queria tanto ganhar pra poder ir até à quarta-série exibi-la.
          Este sonho já era mais sofisticado, porque além da bicicleta, haveria a necessidade de uma corrente com cadeado e aí o sonho se complicava. A bicicleta, já era quase favas contadas, que seria a do irmão mais velho. Bastava uma pintura verde esmeralda pra ficar novinha em folha. Mas o cadeado com a corrente teriam que ser comprados...
          Bom, lembro-me que ela propôs uma troca de necessidades. Seu pai necessitava dos sapatos engraxados toda semana e ela necessitava da bicicleta com o cadeado. E não é que a proposta foi aceita.
          Bom, de fato teve que esperar por quase um ano, que foi o tempo combinado.(Olha o indício de que nada lhe seria muito fácil) Mas valia a pena, afinal, era uma bicicleta recondicionada, verde, com cadeado e tudo que estava em jogo, e afinal, com a potência daqueles sonhos todos, ela com certeza (a bicicleta), levantaria vôos... E assim o foi.
          Depois de um ano engraxando os sapatos, lustrando-os e ainda de quebra, fazendo cafuné e penteados na cabeça do pai, (todos os dias depois que ele chegava do serviço e sentava-se na sua poltrona), finalmente a bicicleta com cadeado, corrente e tudo, era sua! E por mérito!
          Agora era só voar até à quarta-série e estacionar no pátio, à vista de todos, aquela que seria o início de suas conquistas ingênuas. O primeiro tijolo a ser posto como exemplo de sua força de potência.
          Tão ingênua a vontade de ter uma bicicleta para ir à escola, que esforços não foram medidos para esta conquista. Nem mesmo com o empecilho do cadeado.
          Graça e coragem estão e são intrínsecos à ingenuidade infantil, tão intrínsecos que torna-se quase impossível saber onde começa um e onde termina o outro.
          O que muitos chamam de coragem, pode ser uma dessas vontades infantis que ficam séculos incubados em nós, que de tanto querer, acabam se realizando, quase independente de nós.
          Estaria a fortaleza da criança, pondo por terra toda a certeza do adulto? Talvez seja neste ponto que a vida flui, diria até, que a partir daí,a vida passa a existir de fato em uma realidade que quase independe de outras coexistências.
          Talvez que valha nesta esfera seja de fato a força dos sonhos e sua existência, que só têm valor quando reconhecidos e só são reconhecidos quando de fato são fortes o suficiente para romperem os invólucros que insistem em nos imprimir no decorrer de nossas andanças e que muitas vezes, nem nos pertencem.
          Ainda bem que criança tem uns olhos visionários, não tem muito pudor e nunca mente, apenas fantasia, vez ou outra. Penso ser esta é a arma mais eficaz contra a pasmaceira da superficialidade que hora após hora tenta sufocar-nos as vontades, os prazeres, os sonhos... e até os indícios de vida que restaram em nós e que gritam por ressurreições diárias...

Perdoai (nos)

Perdoai!!!
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.(Manoel de Barros)

domingo, 27 de junho de 2010

Olhei no espelho

Olhei no espelho e me estranhei: não tenho os cabelos lisos, loiros, chapados... 
meus sapatos apenas calçam meus pés, minhas roupas são as que conversam com meu corpo e meu estado de espírito
E minha vaidade vai muito além de qualquer tendência...


Minhas bandas não estão na mídia, estão no mundo,
Minhas músicas cantam pessoas, lugares, odores, altares e tudo que sente...
Olhei no espelho e não vi nenhuma unanimidade,


não senti sequer a idade dos anos que passaram por aqui...
Tenho desejos e prefiro não me acomodar com a esperança,
Quero deixar os sonhos como herança e outros olhos que não biônicos, cibernéticos, plastificados...


Olhei no espelho e vi uma alma incompleta, em busca, incerta, 
pequena e grande, um ser equidistante, triste e alegre, começo sem fim... olhei no espelho e não vi ninguém além de mim, apesar de tantos outros...





terça-feira, 22 de junho de 2010

Quando nasci

Quando nasci, não soube de anjo algum a zelar por mim.
Nem esbelto, nem safado, nem torto, nem sequer um querubim a me dar conselhos.
Mas tinha uma parteira astuta, quase-anja, meio bruta, que me esperava de joelhos.
Trazia no colo uma bacia branca esmaltada,
com toalhas quentes e água benta da cisterna: fonte cristalina em que seria eu lavada.


Não. Não tinha mesmo destino algum entoado pelos anjos,
mas naquela sala eram tantos os santos, eram tantas as rezas,
que só me restava mesmo vingar.
Acho que vinguei.
Pelos menos,
Até agora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Limão-cravo

Por enquanto a paisagem de meu quintal está repleta das cores e dos aromas dos limões-cravo. Mas, com bem diz a sabedoria popular: se a vida lhe der limões, só lhe resta fazer uma limonada, neste caso, muuuuuiiiiitas!!!!

Foi o Manoel de Barros quem disse:

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ela queria pegar a lua com as mãos

Um dia, ou melhor, em uma noite morna, minha filha, ainda de colo e em meus braços, cismou em me pedir um presente, diria eu, impossível: sentadinha em meu antebraço, esticou seu bracinho esquerdo e apontou para o céu me pedindo encarecidamente a lua. Vejam só, ela gesticulava e gritava com os olhos e todos os dedinhos das mãos em movimento, me pedindo, ou melhor, me implorando por aquela lua branquíssima que estava a nos contemplar lá do céu. Pode?
O desfecho deste episódio poético não foi tão poético assim: Tive que lhe dar um beliscão porque ela não parava de gritar e de fazer birra querendo insistentemente pegar a lua com as mãos...
O que mais podia eu fazer, uma simples mãe terrena?

sábado, 5 de junho de 2010

Coar um café

Noite gelada, escura, desencantada...
Nem um amigo, nem um afago, quase nenhuma fé
Manhã antecipada, chuvosa, desvendada...
mistérios dos restos da noite que quase acabou,

Janela trancada, a boca cerrada, o frio que ficou...
O corpo encolhido, cobertor como abrigo,
À espera de ninguém, de quase nada,
Apenas o desejo de ter forças pra coar um café

terça-feira, 1 de junho de 2010

Memórias (Não é meu, mas se é do Drummond, é nosso!!!)

Amar o perdido deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do não.
As coisas tangíveis tornam-se sensíveis à palma da mão;
Mas as coisas findas, muito mais que lindas,
Estas ficarão...

domingo, 30 de maio de 2010

E o domingo acabou...

Agora já é quase segunda e eu ainda estou perdida no sonho deste domingo ensolarado. Sei que a lua já chegou, o dia já passou, mas sequer tive tempo de ver o tempo passar...
Tirei a venda dos olhos e já era tarde demais pra ver...

sábado, 29 de maio de 2010

Espelho (leitura por Fernando Anitelli)

olhos perdidos

Perdi meus olhos nas asas de um beija-flor,
e agora, passo dias e noites, pousando e sonhando minha alma
em todos os jardins, em todas as flores...
Talvez eu consiga de volta mais que meus olhos perdidos
e ganhe os ares dos jardins floridos, e os aromas de muitos amores....

domingo, 23 de maio de 2010

NADA DE NADA

Nada de novo, 
Nada de velho,
Só o mistério, 
puro, simples, sincero,
De não saber quem sou,
Onde estou, por que vou...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Meu castelo

Meu castelo não é da terra; é do ar.
Nele só entra quem tem as chaves e sabe voar...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Bonecas de milho

Estes dias tenho pensando muito em minhas brincadeiras de infância.
Conversando com uns amigos, comecei a falar de minhas bonecas, quando no meio da conversa, me dei conta do quanto meus protótipos de gente eram diferentes  dos da maioria das pessoas que conhecia.
Ainda menininha de cabelos queimados pelo sol, quando sentia vontade de brincar de boneca, corria até a roça de milho e lá, rodeada por "gente de milho" das mais variadas cores, eu podia escolher com quem brincar.

Me dava até ao luxo de brincar com três gerações de bonequinhas, que eram selecionadas pelos cabelos. Eu explico:
A bonequinha com cabelos mais escuros, quase ruivos, queimados pelo sol e ralinhos, era a avó. A de cabelos um pouco mais viçosos, brilhantes, meio alaranjados e fartos, era a mãe. E a bonequinha bem pequenininhas de uns cabelinhos loirinhos, fininhos e brilhozíssimos, era a filhinha.
É claro que o tamanho das bonecas também contava. Assim, a mais encorpada, com a palha mais grosa e verde escura - a avó -, ficava sempre ao lado da mãe, - de corpo grande, mas nada exagerado -, que segurava no colo a filhinha: aquela pequenininha, de cabelinhos loiríssimos.

Era assim que eu brincava de boneca na minha infância.
Lembro também que minhas bonecas, além de lindas, tinham um aroma maravilhoso!!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Diamantes no céu

De repente olhei pra cima e dei de cara com zilhares de olhinhos piscando pra mim sob um papel de seda azul escuro. A noite chegou por aqui!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

PARES DE SAPATO

E neste confronto de crises entre a pós-modernidade e os conceitos que pairam, ainda, sobre o mundo moderno, Eu, exemplo ímpar do homem antigo, não consigo acumular pares de sapatos.
Não sei tingir adequadamente os meus cabelos: Minha tintura vermelho-mogno se espalhou nas entranhas do solo confuso e rarefeito que fertilizam as exigências do consumo e consumindo-se deixou uma marca estranha em meu olhar, antes lua nega num céu branco, hoje, ora lua invisível do dia, ora dias marejados por trás de um sol que não existe.
Meus cabelos já não são mais da cor original e o castanho antigo, agora tenta esconder-se embaixo deste esboço de vermelho, que está mais pra um acobreado sem personalidade... Agora, nem eu e nem a outra, muito menos os outros. Quem somos de fato neste mar de desperdícios e vícios e rejuvenescimentos infindáveis???

A lembrança que trago tatuada é a do vermelho urucum da infância e dos fundos de meu quintal. Uma penca daquelas conchinhas que ora parecem peludas, ora parecem de espinhos, escondendo em seu útero, milhares de graõzinhos vermelhos, que de tão vermelhos conseguem riscar nossa pele feito mesmo um lápis de cor. Acho que eu devia mesmo era ter pintado meus cabelos com o vermelho-sangue do urucum. Mas, ...

... semana passada comprei um par de sapatos de couro e de saltos... bem...
A experiência foi boa. Os sapatos são justos e confortáveis.
Mas, coitadinhos, estão há mais de dez dias escondidos embaixo da estantezinha do meu quarto.

Que ousadia desta alma descalça e transgressora! Querendo desafiar os poderes do mercado e da gravidade!!! ...

Fazenda Baraúna

Na sala onde eu nasci, tudo é motivo de festa
Não há carros, nem internet, ninguém conhece o mar
A água daqui é salobra e todos dão graça a Deus.
Igreja aqui quase não há, a luz elétrica ainda não chegou

Dormimos todos com as galinhas e acordamos antes do dia
Dia de parto é um rebuliço só e haja garrafa!
Dia de extrema unção todo mundo ri e chora junto
E bebe e come e reza e põe a vela na mão do finado
E o velório acaba em festa e os anjos dizem amém...

Na sala onde eu cresci, ninguém sabe o que é sala
Mas todo mundo espera a noitinha pra contar histórias na varanda
Primeiro o pai, depois a mãe e bem depois os meninos
Lavam os pés sem saber o que se gasta mais,
Se as solas ou os cacos de telhas e sabugos
A varanda acesa, o milho assando, o lava-pés,
A vida em brasa, a noite aqui, chega assim

Na mesma bacia a água é uma só, a dor é só uma
e os sonhos se perdem nas chamas da fogueira,
misturam-se entre os descanso dos pés e a latência cardíaca que não cessa
Sem querer, aqui se vive com pressa.
Não se sabe se de vida ou de ante vida,
Ninguém aqui toca no nome da morte...

Perdida entre as vadiagens e os sorriso falhos,
No meio do agreste, no sopro do vento quente,
Perambula aqui a poesia rude e leve
Os meninos armam arapucas pra pegar o passarinho cor de laranja que
Tem nome de “sofrê”.
No fundo eles têm inveja do bichinho, só por vontade de voar...
Têm uns que até comem o probrezinho, só por vontade de voar...

Latência, dormência...
Embaixo da farinheira, sentada no chão,
A mãe cruza as pernas, raspa a mandioca
e amamenta a criança.
A menina, de uns olhozinhos tão pequenos aprende atenta o ofício de viver
Enquanto a tarde caminha serena e lenta...

Todo mundo sorri igual aqui,
E o aroma da raiz santa cria a ilusão de um forno assando
E ninguém passa fome...

sábado, 1 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quem sabe um dia...

Quem sabe, um dia,
sua música na minha poesia;
seu poema em meu grafema!

Quem sabe uma hora qualquer,
sua flor no meu jardim;
seu jardim em flor sorrindo pra mim.
Quem sabe...

domingo, 25 de abril de 2010

Não importa o quão triste estiver, se cantar, passa

Não importa a altura da queda, a dor da ferida, o peso da lida,
Não importa a força do tapa, o sangue na face, as marcas da vida.

Se logo cedo, na manhã de todo dia, meu espelho canta pra mim
Se vejo você, meu outro, com sinais de novo: aromas e ares de arlequim

Quero agora um quintal na minha janela, ver as cores que vêm dela
Quero tudo, com sintomas infantis e a coragem de aprendiz

Diz, quem não se rende ao carinho de um canto, uma melodia?
Diz, quem não se entrega ao ver a tristeza, encantada de alegria?

sábado, 24 de abril de 2010

O que Sinto?

O que sinto?

É como um vulcão gelado
que implode e explode com a mesma intensidade
E não se sustenta,
E quando a lava se desprende de tamanha internidade,
É no peito que se cristaliza e se instaura
em tentativas de migração para qualquer coisa como voz, ou manifestação...

Às vezes meu vulcão é choro explodido, é lágrima quente sobre a face triste.
Às vezes é sorriso torto, contentamento turvo, sob um respiro morno...
Às vezes nem choro nem riso, é só um estado, um tempo, uma vontade perdida.

No cume desta montanha gelada, perdi meus sonhos encantados,
Minhas pedras de sustentação,
Minhas lágrimas a queima-roupa.
Perdi meus olhos visionários, meus dons embrionários,
Minha coragem infantil, minhas asas na ventania...

Nessa esfera gelada, meus pés se prostraram
e meu corpo suspenso pelo fio das lembranças do que pude ser e não fui...
Nessa era solitária, sou uns passos perdidos na escalada deste vulcão
e sou lava fervente sobre meus pés na contra-mão.
Sou sangue nas veias, no peito e na saliva.

Sou o gosto salgado e insosso das esperanças perdidas.
Sou ainda, inverso sem pressa, nevasca que não cessa,
Madrugada que arte e não amanhece, escuridão fosca que entorpece,
Mansidão que grita e não se escuta.

Dor que ferve e não se inflama.
Corte que sangra e coalha e ninguém vê...

Sou a voz que chama com risos nos olhos e lágrimas na poesia,
Com ternura nas rusgas e dança na apatia,

Sou febre que passa, com um olhar na alma
Sou alma que vibra com um atento abraço,
Sou lava desse vulcão eterno,

Sou montanha ardente e fria,
Sou gelo, que roga por fervura,
Sou fogo que aflita ventania...

É O FIM

É o fim!
Do ano,
Dos tempos,
Do Cosmo,
De Mim!!!

Dói, porque eu já conheço inteira
Esta estrada, essa cara da solidão.

Sei de cor o peso desses suspiros todos
E de tanto choro n’alma
Peco pelo excesso e escassez de calma.

Peço aos céus, n’outra chance, os mesmos olhos iguais,
Como num dia, naquela rua foram os seus em mim
E os meus nos seus...

Dói tudo!
Pois é o fim do ano!
Dos tempos!
Do Cosmo!
De Mim!!!

A Trilha do Dia

Este é mais um 23 em que a primavera chegou,
então, mudei os móveis de lugar, pendurei toda a roupa no varal,
colhi algumas flores, plantei outras tantas e acendi um incenso...

Agora eu já tenho uma máquina de escrever e uma vitrola,
E penso que não vejo a hora de comprar um vinil e uma fita
Quase ninguém acredita,
mas eu ainda vou à loja de discos e escrevo cartas em papel colorido...

Apesar dos ismos da pós-modernidade, escrevo à mão
Apesar do mundo digital, ainda tenho uns pés no chão.
Gosto de ver dentro dos olhos das pessoas,
Gosto de ver as pessoas por dentro...

E agora que a primavera já está aqui
e eu tenho uma máquina de escrever antiga
Só me resta ligar a vitrola
E quem sabe fazer poesia deste fim de hora...

Deus de mim

De olhos vidrados em algumas fotografias,
as imagens vêm de risos, óculos e de rostos
que com o tempo trazem impressas as pegadas da vida...
De risos e óculos
as pessoas foram se chegando,
alguns se mostrando e raros, muitos raros, ficando...

Entre as fotos jogadas na estante,
as imagens reveladas e o maracujá partido,
ora sobre a mesa, ora no sabor do fruto da infância,
nasce essa grafia incerta e certa do que diz.
que inspirada nas linhas do poeta,
trouxe-me a lembrança dessa espera eterna,
desse Deus de mim que tarda tanto a chegar!!!

Um Ponto Ótimo de Comunicação

Um fala outro escuta
O que sai é o que chega
Mais que interpretação, impera a comunicação
Mais que audição, reina a interação
Um ponto ótimo de ser humano é o que fala e o que ouve
É o que sente antes de saber e percebe antes de entender

Terrível mesmo,
É não ser escutada,
É não ser ouvida
É falar no vão do mundo
É gritar uma coisa e ser esbofeteada com outra
É ser uníssono, quase monólogo mudo,

É quase ouvir,
Quase falar,
Não perceber a mudez no olhar,

É gritar calado,
É silenciar na multidão,
É clamar por percepção!!!

É não existir por não ser ouvido,
É conversa a dois, a três e estar sós,

Terrível mesmo
É não ser por não se ter mais voz...

A vida vive tentando nos enganar

A vida vive tentando nos enganar.
Primeiro, a gente percorre um caminho esprimido, apertado, sufocante e num grito de chegada, desafixia este aperto, como numa tentativa prévia de assumir a solidão.

Aí, vem alguém, oferece a mão, o colo, o leite e a gente se aconchega e vai aprendendo a não ser só.

A mão, o colo e o leite, continuam quando a gente cresce um pouco mais e o desaprendizado em torno de si, também.
Também cresce a percepção em torno da solidão que nos acompanha, e assim, a gente finge que ela nem existe... e se existe, que fique bem longe!!!

Mas tem uma fase, que todo mundo se vê obrigado a encará-la se não, a aceitá-la. E aí, sabe o que acontece? Recorremos àquela mão do primeiro dia de vida e quase sempre não a temos mais; e assim, nem o colo e muitas vezes, nem o leite. E agora, de nada vai adiantar espernear nem gritar.

A única saída é assumi-la e assumir-se. Aí, dá uma vontade louca de voltar lá no nascimento, lá no parto, lá na chegada e gritar bem alto pra que todos se afastem e desapareçam com a mão, o colo e o leite e deixem a solidão se instaurar e cumprir o seu papel e ficar, porque afinal, é sempre ela quem está, é sempre ela quem fica, é sempre ela quem nos assiste do parto até o último fio de ar...

Antes a solidão, - porque é fato e com ela eu me vejo e me percebo-, do que as falsas presenças que de tão inconstantes, teimam em fazer de mim –e de você- um espectro que nem é e nem foi, apenas se enganou, no cumprimento de curso que exalta as companhias e repelem o estar só...
Será que é a vida quem vive tentando nos enganar ou é a gente que se engana porque é mais cômodo???

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ponta de lápis

Poeisa mais linda vive na ponta de um lápis:
Pedra bruta de carvão, lapidada com esmero, paciência e precisão,
nas mãos e no olhar de um menino ou uma menina,
Que por um instante ou por um suspiro, adivinham um sonho inteiro
Assim, enquanto o lápis gira na busca por uma ponta bem fininha...
A esperança se aninha no ventre infantil: colo de todo sentimento verdadeiro

domingo, 18 de abril de 2010

Como diria Marcelo Camelo...

Eu que já não quero mais, ser um vencedor, 
levo a vida devagar, pra não faltar amor...

JABUTICAQUI no Galpão Althur Netto - Celebração e Vivência da Cultura Popular...

DELÍRIOS NIETZSCHEANOS (Assim falou Zaratustra)

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras

Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.

Torna-te aquilo que és.

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.

Temos a arte para não morrer da verdade.

Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós.

Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio?

O medo é o pai da moralidade.

sábado, 17 de abril de 2010

PASSARINHO

Passarinho ferido que sai da prisão,
Não sabe direito o que vê
Não pisa nem nas nuvens nem no chão
Não sabe nem ler...

Passarinho sozinho que pula a janela
Não sabe direito das asas do vento
Precisa de ponte pra saltar,
Precisa de um colo de mão
Precisa de aulas pra voar

Passarinho ferido e sozinho
Não sabe direito o que é ninho
Não sabe direito o que é norte
Precisa aprender sua natureza
Precisa entender a força que tem
E ser mais leve que o pensamento

Passarinho tem que ser só asas
E por força ou vontade,
Partir ou se deixar ficar
Aqui ou na imensidão do além,
Passarinho precisa saber da força que tem...

MULHERZINHA

Nasci menina feita para ser mulher
Dar à luz, namoro de sala, beijo mudo
Boneca de pano, cabelo de sol, bem-me-quer
Nasci pronta pra poesia e pro chão e pra tudo

mulher quase feita, eleita a sina
Dançava com a menina de dez idades,
Cresci no tempo rubro das retinas e
Como nunca mais voltasse a vê-lo,
Tingi de luares meu cabelo e fiz da noite
o que já era em mim, o início das saudades

Adivinhei a ida toda e inventei um colo no fim
Sonhei os poemas e escrevi as flores e os altares
Andei na terra das fadas e dos medos sem sair de mim
Trilhei comigo a órbita das letras e estive assim, em todos os lugares

A trajetória do que sempre quis me trouxe aqui
E posso, por querer, tocar o que a mulher sabe,
Sentir o que a criança sonha e sem querer,
fazer verso de fim de vida e música do frio que me dói...

Da loucura sei bem pouco, da solidão, fiz-me coragem
Das janelas: vista sempre curiosa e quase saltos pro céu.

Mulherzinha magrelinha com sentido apurado,
Sei mais de pudim de pão que espirais de linguagem...

Quando nos braços boneca de pano, cabelo de sol e bem-me-quer
Te esperava (sem saber) crescer homem, pra me fazer, sonho de mulher.

DOCE PRESTÍGIO

Torta de frango com palmito,
uma vida em contato com a massa,
até a alma chegar ao ponto.
Até o ponto perder o sentido,
e só nos restar a intenção da torta
e o forno aceso na cozinha!
É quase sempre tarde demais,
Nesta visão póstuma de tudo...
É quase nunca audível o grito das retinas
E os instantes, a idade, os sins todos
Adotam um teor tardio em que
O vazio se acomoda nos cantos da casa
E o fogão cordialmente nos sorri...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Por que tanto silêncio??

Por que tanto silêncio,
se minha voz é teu nome, se meu som te chama tanto?
Tanto fiz com meu grito, meu desespero ensurdecente,
hoje rendo-me à mudez do olhar: milagre do que posso te tocar,
e te converso, assim, comigo,entre a música e a poesia,
livre, levee lindamente...

domingo, 11 de abril de 2010

tolerÂNSIA, tolerância?

É. Temos mesmo que ser tolerantes!!!
Estamos na era das diversidades, das diferenças, da multiculturalidade...
O problema, é que sempre fomos únicos e sendo cada um, nós mesmos, fomos sempre diferentes uns dos outros (graças a Deus)...
Quem sou eu pra tolerar alguém. Quem é você pra me tolerar?
Tolerância pressupõe poder, domínio de quem tolera sobre quem é tolerado... 
É. São os dias de hoje, do tempo atual. Da democracia, das diferenças, das diversidades...
Este tom politicamente correto é ou não digno de "Ansia"?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

E no meio do mundo

 E no meio do mundo, um frio de doer os ossos, de desossar as almas mornas.

Se o inverno é mesmo inevitável, só nos resta acender o fogão e preparar um bom caldo quente.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Viagem Teatral 2010 - Pinóquio, Etc e Tal, Dias 06 e 07 de Abril, no SESI de Mogi das Cruzes




Viagem Teatral 2010 - 1ª temporada
Teatro Por Um triz
Quatro marceneiros trabalham em sua oficina quando recebem uma encomenda inusitada: construir um boneco de madeira. Lembram então de pinóquio, o boneco construído por Gepeto e resolvem contar sua história com materiais existentes na marcenaria: pedaços de madeira e ferramentas.
Ficha Técnica
Texto: Márcia Nunes e Péricles Raggio (a partir da obra de Carlo Collodi) | Direção: Henrique Sitchin | Elenco: Andreza Domingues, Márcia Nunes, Péricles Raggio e Wagner Dutra | Elenco Stand in: Sandra Lessa | Bonecos e Cenografia: Teatro Por Um Triz | Trilha Sonora – Loop B | Realização – Teatro Por Um Triz .
Duração: 50 minutos / Classificação Etária: Livre para todos os públicos / Modalidade: teatro de animação infantil
Vale a pena conferir! O espetáculo tem entrada gratuita e começa às 19 horas.
O Sesi Mogi das Cruzes fica na Rua Valmet, 171, em Brás Cubas.
Mais informações pelo telefone 4727-1777 ou pelo site www.sesisp.org.br

Inscrições para a Clafpl até 21 de Abril

 Agora dá tempo de publicar seu trabalho!!!


- O III CLAFPL - Congresso Latino-Americano de Formação de Professores de Línguas continuará recebendo inscrições de trabalhos até a 0h do dia 21 de abril

segunda-feira, 29 de março de 2010

Olha o que o cientista "Henri Laborit" disse em "Meu tio da América" de Alain Resnais

...nossas sociedades permanecem organizadas segundo o modo Cro-Magnon de dominação. De fato, o nosso cérebro não evolui há 15 mil anos. Ou dominamos, ou somos dominados. E diante desta situação existem duas reações possíveis: a luta ou a fuga. Se não podemos utilizar nenhum destes meios, surge a inibição. Entre os homens, que possuem um imaginário, este bloqueio se chama angústia e gera uma enorme variedade de mal-estares, como a úlcera, o câncer, a loucura, a morte enfim; a não ser, é o que comprovo com minhas experiências com os ratos brancos, que possamos compensar a angústia agredindo um outro ser humano...”

http://www.youtube.com/watch?v=M7AfY-ux7Ds

Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais, fora dela (Paulo Freire)

Estamos no olho do furacão, sendo atacados por todos os lados, (pela mídia, pelo governo, pelo sindicato, pela sociedade, pela escola) e não conseguimos nos mover, nem a favor, nem contra.
Por que será? O que nos impede? Seria somente medo? Mas medo de quê?
Talvez devamos pensar bem e ter em mente que estamos de fato em uma guerra e quando isso tudo acabar, a guerra continuará, os ataques continuarão.
E mesmo que ninguém mais toque no assunto, muitos continuarão a ser atacados, assim, em cadeia, na mídia, na sociedade, na nossa escola, até que um dia, entrem no nosso jardim (e aí estaremos sozinhos), roubem nossas flores; invadam nossas casas e nossos quartos e enquanto dormimos, levem nossos pertences e nossa voz, e com ela, nossa dignidade.
Mas aí, já teríamos perdido o ingrediente principal de nossa força: a solidariedade.
Vamos tentar refletir sobre a que interesse nossas ações e nossa fala atendem.
E nosso silêncio? Favorece a quem?
Estamos de algum lado? Qual?

sábado, 27 de março de 2010

Convite - Lya Luft


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.

Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Como bem disse Lya Luft

A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura.
Às vezes, é preciso recolher-se.

A Lua Azul

A lua azul do meu quintal, sempre me sorri igual. Todos os dias, me revela uma imagem assim.Do cantinho de minha janela, todas as noites, lá vem Ela, iluminando a noite dos meus sonhos...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Uniforme escolar

Equipe feminina de basquete da Escola Americana em 1933. Você acha que era fácil fazer uma bandeja com essa roupa?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Nem santa nem profana,
nem rainha nem ralé,
nem deus nem o diabo,

Salvo em dias de tpm,
nos outros tantos,
somos "tantos",
até mesmo "mulher"...

domingo, 21 de março de 2010

E o riso...

E o riso que caiu de minha face,
ainda que disfarce,
sei que se perdeu ou se escondeu
em algum jardim,
dentro de mim? dentro do eu? (...)

III CLAFPL - CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS

III CLAFPL – III Congresso Latino-Americano de Formação de Professores de Línguas


TEMA: TENDÊNCIAS E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS NO SÉCULO 21


Local: Universidade de Taubaté, São Paulo, Brasil,

O evento será constituído por conferências, mesas-redondas, simpósios, sessões de comunicações coordenadas, comunicações individuais e sessões de pôsteres, que contarão com nomes representativos da área de formação de professores do Brasil e do exterior.

O prazo para envio das propostas, para as modalidades (v. Normas para elaboração e submissão dos trabalhos, abaixo), é 31 de março de 2010, estando a divulgação do aceite prevista para julho do mesmo ano. As línguas oficiais do evento serão o português, o espanhol e o inglês, e a apresentação deverá ser feita na língua na qual o resumo foi escrito.

A seleção dos trabalhos será feita pela Comissão Científica do III CLAFPL, que observará os seguintes aspectos: adequação às normas estabelecidas para a elaboração dos resumos; pertinência do trabalho aos temas do Congresso; redação clara e objetiva; relevância do trabalho para a Lingüística Aplicada.


A inscrição, de acordo com a data de efetivação, seguirá a tabela a seguir:
Até 10/08/2010
Profissionais R$ 100,00
Alunos com comprovação de matrícula R$ 70,00
Até 10/09/2010
Profissionais R$ 110,00
Alunos com comprovação de matrícula R$ 80,00

Até 10/10/2010
Profissionais R$ 120,00
Alunos com comprovação de matrícula R$ 90,00
A partir de 11/10/2010
Profissionais R$ 160,00
Alunos com comprovação de matrícula R$ 120,00

Maiores informações:

clafpl@unitau.br

sábado, 13 de março de 2010

QUASE ÁGUA, QUASE FOGO, QUASE NEVE...

Eu estava indo embora, batendo em retirada
e vários dias inventei um drama pra me dar coragem. 

Quis sair de fininho, madrugada adentro,
pra ninguém sair ferido ou marcado demais.

Todos os dias te contava uma história bonita,
pra que não se sentisse sozinho e enquanto alimentava
a solidão de minha alma e de meu próprio caminho,
apenas seguia, porque este é o destino dado a quem vive.

Não se pode voltar ao útero, nem ao paraíso.
Resta apenas ir adiante...
Saindo assim, quase inesperadamente,
decidi enfrentar a vida, no sentido de seguir em frente.

Nos dramas que inventei internamente,
éramos o sol e a lua, minha história e a tua,
impossível de se encontrar.

Dois seres encantados aprendendo com o desencanto.
Duas almas prontas implorando por um milagre
ou um barco que as leve.

Bem leve, bem leve.
Bem de leve.
Quase água, quase fogo, quase neve ...

E agora, Professor?

É impressionante a capacidade de que as pessoas têm
de "simplificar" e "reduzir" a importância e a
complexidade de situações, e por que não dizer de fenômenos
sociais. Talvez a estratégia do sindicato dos professores
não seja mesmo a melhor, afinal, eles não têm a mídia como
parceira.
Agora, reduzir a deteriorização do sistema educacional
brasileiro à má atuação dos professores, chega até a soar ingênuo.
Basta sair uma manchete em um veículo reconhecido e uma
notícia assinada por um nome também reconhecido, que passa
a ser verdade. Penso que apenas considerando a real situação
da escola pública e a Educação em nosso país, poderemos fazer
um balanço plausível e coerente com a realidade.
Não parece incoerente demais que somente na educação haja maus
profissionais (os professores) e que somente estes sejam os
culpados por tudo o que há de errado.
E ainda, se há anos já se proclama esta máxima,
por que então as autoridades competentes
ainda não mudaram este quadro?
E mais, não é estranho que somente
o professor seja alvejado pelo fracasso do sistema educacional,
(como se não houvesse outros profissinais envolvidos na educação),
enquanto, sabe-se e aceita-se o igual - ou pior - fracasso do
nosso sistema de saúde,(entre outras áreas)e, no entanto,
não vejo a culpa ser transferida para os médicos e estes serem
"alvejados" pela mídia, nem serem ridicularizados e desvalorizados
perante a sociedade.
Vamos criar também um sistema de avaliação anual
para os médicos e expor os resultados??? Quem tem coragem???
Assim como existem maus médicos na saúde, há na educação,
maus professores.
Mas é justo GENERALIZAR?

Não parece que esta situação é muito mais complexa do que
simplesmente uma solicitação de reajuste salarial?
O fracasso da Educação já é uma verdade consolidada,
e assumida,tanto é que incessantemente há na mídia apelos pela
"qualidade da educação". Como posso primar pela qualidade
de algo que praticamente inexiste?
O que sei é que não se pode reduzir uma questão tão complexa
como a da educação brasileira, em culpa dos professores.
É desconhecer demais a realidade da Educação de nosso país.
Insistir em culpar os professores pelo fracasso da Educação,
além de ser ingênuo é superestimar demais o poder destes
profissionais. Nâo acham???