Todas as luzes da casa estão acesas,
e a lua, solitária no céu, também se acendeu.
Não há como ignorá-la, brilhando sozinha
no azul marinho (quase preto) do céu,
Envolta em um gigantesco papel de seda
acostumado a abraçar maçãs,
a pequenina bolinha de ping-pong se aconchega
no colo imenso de ponta-cabeça
e faz questão de que não me esqueça
de nossa natureza de enxergar pouco
Em vez de fruta, um astro.
No lugar de um aroma, uma auréola, quase uma pérola.
No cantinho do meu jardim, a lua nua me aparece assim,
De surpresa, quietinha, impressa no espaço do mundo e no espaço meu
Grifa no céu uns versos misturados e com um branco quase calado
Embala os bons olhos na alma poética dos braços de Orfeu.