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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

emergir

mergulhar...
       ...pra sentir o gosto da emersão
          ...e de novo...
              ...mergulhar...
                       ...pra sentir o gosto da emersão
                            ...e de novo...
                               ...mergulhar...

coisa pouca?

não é coisa pouca...
é o que me faz tanta, feliz, plena...
é o que me faz rir por dentro e transbordar...
é coisa muita, tamanho sem tamanho que não cabe em um só olhar...
é o que vejo/sinto/toco e me faz andar...

o fio da história

O fio da história, que nos leva e traz, joga pra lá e pra cá, de ouro ou de prata ou de vento... 
não se faz só de matéria bruta, de coisa absoluta, tangível... 
é um fio invisível que não cessa de crescer, esticar, expandir e apagá-lo, pra quê? se o fizermos, talvez deixemos um pouco de ser... é como deixar um pouco de existir... 

domingo, 27 de janeiro de 2013

pra ver...

Tem dias que eu mesma arranco meus olhos com os dedos 
e deposito-os nas mãos de uma artesã caprichosa ou de um poeta romântico, 
na esperança de que eles desfiem a retina e, ponto a ponto teçam o bordado de outro olhar... 
teçam-me pontos de vista diversos (e prosas)...

as pequenices da vida

radiante diante das pequenices da vida...
meu olhar se agiganta quando o singelo me acena e meu coração respira quase em paz...
...porque pleno de dicotomias, ele sempre precisa de um contrassenso pra pulsar e criar ritmos nessa ciranda que jamais deixa de girar, a não ser, quando o sentido da roda é sempre o mesmo e pisa (sem ou por querer) 
as pequenices da vida...

só o vazio e só

E numa piscada diante do espelho, 
a imagem desaparecia...o reflexo se diluía numa espécie de abismo, 
numa transparência quase que total, que só não era plena porque o escuro da noite, aos poucos e sorrateiramente tomava conta do quarto, cegando-a também aos poucos...
num quarto minguante daquele olhar, entre o nada no espelho e a escuridão que chegava via cortina entreaberta, o vazio...
não mais face, silhueta, semblante...só o vazio e só...

domingo, 6 de janeiro de 2013

caatinga

Da janela da caatinga, troncos retorcidos, raízes profundas, fome de água, 
sede de compreensão dão o tom e a rima do lugar...
bichos e plantas e gentes caminham iguais; 
uns matam a fome do outro; 
outros tantos nem tanto, 
mas o olhar que se desenha ao pé de cada cerca, 
de cada porta, por e nascer do sol, é justo, de encanto e de espera...

Na casca seca, áspera, rude, aparentemente infértil, o contrassenso da dor e do renascimento... 
desencanto e poesia... mansidão e ventania...espinho e paciência..
Na pele rachada, seca, queimada, envelhecida pela secura do tempo... 

cresce sem pressa a armadura e guardiã do alimento...
repousa sutil, de cantil a cantil...a resiliência...

Nos troncos retorcidos, raízes profundas, na dor e na poesia da caatinga nasceu meu olhar de menina, 

meus olhos desconfiados e secos, minha palavra rude, áspera, meu espinho existencial, 
minha sede de semear mansidão e ventania...
do chão seco, quente, queimado, 

trago meu desejo de flor e chuva...
minha sede de espera, primavera...poesia...

nasci

Nasci sem asas, 
fui obrigada a correr além da conta e aprender a levitar...
hoje danço leve pelo ar e arrisco coreografias...
quem diria?

nem

nem verso, nem prosa... mais que rosa, uma flor... 
mais que rima, (des)amor, (des)encanto, (des)ilusão...
uma flora inteira em minha cabeceira...
todo alfabeto do mundo num segundo de meu coração!!!

ondeia

Queria um biquini todo lindo de estampa florida pra caminhar na praia, 
mas meu corpo não tem mais vinte idades e traz marcas, cicatrizes, arranhões do tempo sobre a pele... 
só me resta andar nua sob o sol e sobre a areia, 
enquanto contemplo a corpo e olho nus, a nudez da vida que ondeia...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Fome

A minha fome também é desse mar, dessa água verdinha, dessa mansidão que parece me abraçar...
A fome que é minha é além; é de mar-a-mar...

A sede que meu corpo tem, também não é só desse lugar, desse segundo...
meus olhos pedem sempre outro ponto de luz, outro céu, outra iluminação... 
...a vista que bebo dia, tarde, auroras adentro, navega leve na esfera sem tempo...
reflexo nu, jardim de firmamento...

A fome que sinto, a sede que quero matar,
é ponte de levar, água de correr, estrela que anuncia...
...é música que leva corpo e olhar longe daqui...
...é data que prevejo,
sabor, desejo, herança de sonhar muito além de todo cantar
...é uma vontade criança, que rabisca na janela embaçada
ou na terra solta do chão


uma mão estendida,
sonhando doce e atrevida, um colo-descanso-imensidão
nas águas verdinhas do mar-a-mar

tudo

"tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior", e uma cachoeira descendo plena e destemida sobre a pele de minha alma!!! é pedir muito???

casamento

Agora tudo o que me resta é fazer festa em meu fogão; 
cheiro em flor por companhia; chama acesa com tempero e poesia....
casamento perfeito: do arroz com feijão

correnteza

Às vezes, correnteza é tudo o que a gente sabe ser; 
só quando as águas param é que vemos o que nossos braços trouxeram...
e aí...só nos resta ser água novamente...

sede

A sede que em mim não cessa é de ser plena; 
não tudo a todo tempo, mas inteira no que me cabe. 
Muitas vezes sem pressa a vida acena e eu retribuo exercitando a contemplação.

Pão

Faço pão como quem planta poesia... 
na palma da mão, farinha, verso, mel e maresia

quer dizer...

Quer dizer? 
Faça!
Não sabe fazer?...
...há que sonhar primeiro.
...experimente...o resto é...não é!!!

Ouviu?

Muitas vezes, na maioria delas, ergo minha voz...
ainda quando me calo...no desenho que o silêncio em mim se faz... 
e no grito (mudo) que minha alma traz...falo...
ainda que umas tantas vezes sem ouvidos... 
ou com os sentidos adormecidos...desviados...
...trago meu silêncio no grito calado de minha voz...
assim vou dizendo-sendo o que meu sentido traz,
...no silêncio ou no grito em que minha voz-vida se faz...ouviu???