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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

ia

e no meio da ventania um beijo rodopia,
um jeito de amar que se despia no ar
e no ar, amor que simplesmente ia

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

significar

ser é significar
sentido envolto, memória em par
padecer, é perder o tempo de estar
apagar o signo, ruminar umbigo
despalavrear

domingo, 23 de novembro de 2014

eu-você

você sou eu sem saber, 
e eu, você, mesmo sem querer...
estamos perdidos e desencontrados em nós,
e em nós, 
matéria-prima,
parente, que de tão rente,
nem se vê...
(mas que sempre se afina)

comida

misturar os temperos, refletir entre os cheiros, fazer do/fogão alquimia, é como versejar, é um outro jeito de fazer poesia. Da pimenta ao agridoce, o desejo do alimento de tudo quanto mais que comida fosse...
Frango assado com batatas no forno, quando o coadjuvante rouba a cena e torna-se primoroso poema: a batata assada, macia, douradinha e vestida dos temperos todos!

palavra...

É preciso coragem para ser palavra; é preciso asas para voar e para palavrear... Palavra é líquido e também é ar, quando não mais se satisfaz no chão, palavra que principia ação precisa flanar, aspira imensidão... Você é palavra, e ar e água em estados de ser e transformação!!!

ponte

eu só quero mesmo é ser ponte
às vezes rio,
outras, só água

em cena

Depois da janela desenhada e aberta, o salto, 
mas antes, o impulso, o desequilíbrio.
Depois, é só deixar-se cair em cena.

da morte das discussões...

A morte das discussões nos campos das ideias é que me assusta e transforma toda e qualquer tentativa de diálogo em ataques pessoais. A capacidade de discussões saudáveis está minguando na mesma proporção em que a violência está inflando e nos tornando humanamente miseráveis. Estamos tão carentes e desejosos de atenção e de mimos que sem pensar, rugimos e ruminamos diante do discurso do outro. Assim não há diálogo que resista, nem conhecimento que se amplie. Não há.

pra me decantar

nenhum advérbio me satisfaz
nem me traduz, nem induz
nem um modo de ser,
nem lugar para estar,
nenhum abrigo além do disco antigo
pra me decantar

verdades...

até que um dia morreu engasgado com suas verdades e fim

de si a si

ninguém foge de si por muito tempo...
há sempre um espelho...
há sempre uma revelação a nos "desocultar"
para cairmos em nós,
e chegarmos a si

e o que a gente vê?

o tempo dos diamantes
o ventre das pérolas
a alquimia da natureza
gritando a olhos vistos
e o que a gente vê?

linha

preciso de uma máquina de costura e linha na agulha
preciso fiar, costurar, remendar, bordar...
há muito o que tecer ainda...
a trama nunca acaba
em todo ponto de ida, há volta

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

do que me assusta

A morte das discussões nos campos das ideias é que me assusta e transforma toda e qualquer tentativa de diálogo em ataques pessoais. A capacidade de discussões saudáveis está minguando na mesma proporção em que a violência está inflando e nos tornando humanamente miseráveis. Estamos tão carentes e desejosos de atenção e de mimos que sem pensar, rugimos e ruminamos diante do discurso do outro. Assim não há diálogo que resista, nem conhecimento que se amplie. Não há.

o que vejo do mundo

o que vejo do mundo não é o mundo
o que vejo do mundo são anúncios
o que vemos do mundo não pode mesmo ser o mundo
não cabe numa vista só o mundo,
não cabe...

ponte



eu só quero mesmo é ser ponte
às vezes rio,
outras, só água

nem

nenhum advérbio me satisfaz
nem me traduz, nem induz
nem um modo de ser,
nem lugar para estar,
nenhum abrigo além do disco antigo
pra me decantar

até que



até que um dia morreu engasgado com suas verdades e fim

e o que a gente vê?

o tempo dos diamantes
o ventre das pérolas
a alquimia da natureza
gritando a olhos vistos
e o que a gente vê?