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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O jogo

O jogo recomeça num campo, nas ruas, nos lares, nas cruas vidas desenhadas de antemão,
Diante da luz artificial mil lábios dialogam com sombras conhecidas estampadas nas paredes em que um ser qualquer se revela, ouvem vozes dissonantes emudecidas na cândida página de uma tela e vidas se enlaçam de janela em janela com vistas sempre pro mundo que podem  ver

Estranhos conhecidos se encontram muitas vezes perdidos entre o real e o delírio, o normal  e o absurdo, a vida e a miragem, Talvez seja esse mesmo o jogo da passagem, em que os pontos são marcados na linha da incerteza, estágio de rara beleza, onde reinam as dúvidas, e os momentos ainda em flor,

Nunca aqui jaz o amor...

A Chuva chovendo

E os tambores do céu estão ruflando
enquanto a água escorrega lindamente 
lavando as ruas e as almas daqui... 


Sinfonia do céu desaguando na terra dos homens...

Quando fui chuva - Os Varandistas reunidos na varanda...

Composição: Luis Kiari e Caio Soh

Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer,
Acomodei minha dança, os meu traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser tua
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d'água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos, as calçadas
E, assim, no teu corpo eu fui chuva
... jeito bom de se encontrar!
E, assim, no teu gosto eu fui chuva
... jeito bom de se deixar viver!
Nada do que fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
E, mesmo que eu te me perca,
Nunca mais serei aquela que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela

o que seria?

...seu mirar em minha mira 
o que seria?

outra alma 
ou enfim outra poesia?

Sobre Arthur Bispo do Rosário e todos os demais artistas-loucos do mundo

                                                                    
 Vai ver, 
o grande milagre do artista é ser visto como louco 
e ainda assim transformar-se 
enquanto transforma o mundo 'normal'.



 De louco a gênio, 
Ele transformou o ponto de vista alheio 
e todos foram obrigados a enxergar o que se recusavam a entender... 

Verso ou inverso?

Verso ou inverso?
Frente ou avesso? 
Fim ou começo? Um ou outro? 
O melhor será o liso ou o roto, 
o hoje ou o passado, o som ou o silêncio, 
o seco ou o molhado? 

A vida se faz dos contrários e de suas (re)combinações,
 impossíveis hoje, geniais em outro dia, outro agora, 
por isso que a vida não tem hora marcada nem destino certo,
bastando apenas fazer-se passo a passo...
nos instantes vários em que se personifica(nos)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quase canção

Olhos prontos pra partida, pros passos da ida,
incertos da solidão, do caminho ao longe, da escuridão.
Deste ponto adiante, antes dois, agora um rumo só,
antes sonhos, desejos, agora, na garganta um nó
que mareja
os olhos disfarçados de prontos pra partida,
com um rio de lágrima presa, com uma vela acesa na escuridão
Antes, um par, na rua, na sala, no salão,
agora, um em cada lado, mãos no bolso, choro calado
procura e espera, inverno e primavera,
os dois perdidos e libertos
nos traços dessa quase canção,

sábado, 12 de fevereiro de 2011

De prosa em prosa...

Daqui, vou seguir ao vento, 
afinal, vivo ao sabor dos ares mesmo, 
sem rumo, 
me aprumando somente em meus sentidos, 
que são vários...

...e eu que tava aqui, 
tristinha, com a alma quase cabisbaixa, 
já posso, no dia de hoje, 
olhar pra cima e sorrir, 
porque meu espelho (você) 
me desenhou um sorriso na alma. 
e olha que nem te contei 
que a Gratidão costuma tirar as almas dos purgatórios ...


...e eu que tava aqui, tristinha, com a alma quase cabisbaixa, já posso, no dia de hoje, olhar pra cima e sorrir, porque meu espelho (você) me desenhou um sorriso na alma. Obrigada, e olha que a Gratidão costuma tirar as almas dos purgatórios hein...

Que povo é esse?

Tive a sorte de nasceu a mais de mil metros acima do nível do mar
e sem asas saber do sabor das arribeiras e do cheiro da caatinga
desde pequena provava da secura da pele de alguns
e da fartura da alma de muitos que salivavam por natureza...
E por natureza tinham a sorte que comandava a umidade existencial
o norte conflitante deste povo lá de cima
de uns olhos tão sabidos e uma falas tão certeiras,

Lá nunca se sabe de Natal ou aniversários,
só da graça do dia que se tem

Lá nós nunca dormíamos até às dez
e nunca corríamos o risco de perder o trem ou o ônibus ou a esperança

A rota de lá é feita de todo dia e de sol a sol, de seca a seca, de fome
e milagres diários
e de um desejo de chuva tão grande que de tanto rezar
os pinguinhos d'água jogavam-se das nuvens e evaporavam-se no trajeto,
no meio do caminho,
nem viam  a cara do chão, da terra, do solo, da planta e do bicho sedentos

Esse povo meu carrega a poesia na palma dos risos,
nas asas e nos ninhos dos passarinhozinhos
que lhe são alma gêmea, par perfeito, espelho

e assim o engenho da vida vai girando no seu não-saber providencial
que só Deus, as crianças (e os corações dos passarinhos) têm ciência...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

(in)transparentementebicolor

Também já perdi minhas tintas por aí, 
ares que me assustam porque eu nunca vi...
 menos que um bicolor clássico, 
meu momento vezes e outra é incolor, 
(in)transparente tácito... 
Ficam assim, leve e breve 
o corpo e o espírito que a tudo sente, 
mesmo sem retina... 
ora branco luz, 
ora negro em flor, 
alma nunca mente...
peito cumpre a sina

Azul-escuro

De repente,
as paredes e o teto do meu dia 
foram tingidos de azul-escuro! 
Quem apagou a luz? 


Dá licença 
que vou lá fora 
pegar um pedacinho de lua
 pra alumiar minhas literas...

Diamantes no meu céu

Quem pintou diamantes em meu céu 
e escolheu a trilha desta meia noite e meia? 


E os grilos cricrilam como que querendo chamar minha atenção... 
tão bonitinho...

A sombra das borboletas

Meus Deuses,
o verão chegou pelas bandas de meu quintal... 
até o verde das folhas está dourado hoje
e sobre elas, um casal de borboletas, 
juntinhas, 
uma fazendo sombra pra outra. 


A propósito, borboleta tem sexo?

Uma varanda

Meu telhado, que era de laje, 
eu troquei por telhas de barro e armação de madeira... 


Construí uma varanda 
pra receber as tardes alaranjadas 
e em seus braços dançar a chegada da noite, 
a visita da lua, 
o encontro da minha alma com a tua....



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Estou sentindo...

Estou sentindo o cheiro da noite aqui de minha sala.
De minha janela abro outras várias janelas 
e ouço até os braços dos abraços
de pessoas queridas em meu coração.


 Estou sentindo o aroma
noturno e lunático
repousar em meu colo, 
enquanto verto dias inteiros por entre meus olhos...