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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

sábado, 24 de abril de 2010

A vida vive tentando nos enganar

A vida vive tentando nos enganar.
Primeiro, a gente percorre um caminho esprimido, apertado, sufocante e num grito de chegada, desafixia este aperto, como numa tentativa prévia de assumir a solidão.

Aí, vem alguém, oferece a mão, o colo, o leite e a gente se aconchega e vai aprendendo a não ser só.

A mão, o colo e o leite, continuam quando a gente cresce um pouco mais e o desaprendizado em torno de si, também.
Também cresce a percepção em torno da solidão que nos acompanha, e assim, a gente finge que ela nem existe... e se existe, que fique bem longe!!!

Mas tem uma fase, que todo mundo se vê obrigado a encará-la se não, a aceitá-la. E aí, sabe o que acontece? Recorremos àquela mão do primeiro dia de vida e quase sempre não a temos mais; e assim, nem o colo e muitas vezes, nem o leite. E agora, de nada vai adiantar espernear nem gritar.

A única saída é assumi-la e assumir-se. Aí, dá uma vontade louca de voltar lá no nascimento, lá no parto, lá na chegada e gritar bem alto pra que todos se afastem e desapareçam com a mão, o colo e o leite e deixem a solidão se instaurar e cumprir o seu papel e ficar, porque afinal, é sempre ela quem está, é sempre ela quem fica, é sempre ela quem nos assiste do parto até o último fio de ar...

Antes a solidão, - porque é fato e com ela eu me vejo e me percebo-, do que as falsas presenças que de tão inconstantes, teimam em fazer de mim –e de você- um espectro que nem é e nem foi, apenas se enganou, no cumprimento de curso que exalta as companhias e repelem o estar só...
Será que é a vida quem vive tentando nos enganar ou é a gente que se engana porque é mais cômodo???

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