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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

quarta-feira, 10 de março de 2010

Diário de Classe

Hoje o dia foi bem inspirador.
Estou lendo com meus pupilos "O menino do pijama listrado"
e esta leitura compartilhada nos conduziu a outras experiências.
Por exemplo, sentimos a necessidade de assistir ao filme de mesmo
título e dividir as leituras em capítulos.Ao finalizar o filme,
observamos imagens dos campos de concentração e apesar do choque
que as cenas do holocausto nos trouxeram, esta experiência abriu
um canal de comunicação, um diálogo entre nossas realidades e
as obras cinematográfica e literária.
Trabalho com seis primeiros anos do ensino médio e hoje,
ao finalizar o filme e observar as fotos,tive a ajuda do
professor de História - que entrou na sequência de minha aula-
que com muita sabedoria conduzir sua aula tendo como ponto de
partida o contexto histórico presente no filme e no livro.
Foi maravilhoso trabalhar em parceria e mais lindo ainda,
ouvir dos alunos as expressões: "Bem que os professores podiam
aproveitar outras matérias para dar sua aula né professora?";
"Que aula de história nós tivemos hein professora!"
O resultado? Hoje, eu e o professor de História saímos da escola
com uma sensação maravilhosa de missão cumprida e os alunos com um
desejo inegável nos olhos de voltar à aula.
Amanhã vamos iniciar um diário, no qual os alunos escreverão suas
impressões sobre o filme e capítulos lidos durante as aulas,
mas isso já é assunto de outra aula. Até lá.

2 comentários:

  1. Parabens pelo post.

    offtopic
    Sobre "Guerra contra os Pobres"
    Eva eu entendo sua revolta qto ao post, percebo que vc deve ser uma profissional responsavel, por isso tem meu respeito.
    Para os que olham o ensino "de fora", e que tenham estudado em escola publica ate o colegio, o meu caso, algumas coisas nao passsam despercebidas.
    Vejamos:
    - o professor de escola publica recebe uma remuneracao igual ou superior ao de muitas escolas particulares.
    - as instalacoes das escolas publicas sao muito superiores a de muitas escolas privadas.
    Se assim eh pq somente as escolas publicas produz um volume inimaginavel de "analfabetos funcionais"?
    Vc poderia me responder?
    Eu gostaria de entender isso.
    Qdo estudamos em escolas publicas a tecnolgia utilizada era quadro negro e giz, para o professor e caderno e lapis para os alunos, e fomos todos alfabetizados.
    A maxima do regime sovietico de que o "estado faz que paga, o professor faz que ensina e o aluno faz que aprende" esta valendo.

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  2. Olha,
    Eu arrisco uma interpretação para seu questionamento. Primeiro, quanto à remuneração: não se trata de valor financeiro, mas de de "valorização", de reconhecimento, entende? Ultimamente ouvi de alguns universitários o seguinte comentário: "Ah, estou pensando em ser professor, mas professor universitário viu". Penso que isso traduz mais ou menos o que quero dizer. Há alguns tempo atrás (talvez no nosso), havia um ser orgulho em ser professor, nos tempos atuais, parece tratar-se de uma vergonha. Se fizermos uma busca nas universidades, acho que vamos nos deparar com os números baixíssimos de existência e procura aos cursos de licenciatura. Isso é um dado.
    Em relação às instalações, eu discordo. A maioria das escolas estaduais em que trabalhei (e a que trabalho),possui instalações precárias, mas no meu ponto de vista, com o tempo e com uma boa gestão esse problema seria resolvido. O ponto da questão é que parece não haver "importância" em se criar e se manter um ambiente, um espaço voltado para os estudos, para a pesquisa, enfim, para a educação.
    Só para exemplificar, fiquei o ano passado todinho sem uma tomada para exibir cenas que preparei para os alunos. Você não imagina a frustração e o sentimento de impotência que isso gera.
    Agora, quanto ao fato de a escola pública ser uma fábrica de analfabetos, penso que trata-se de uma herança histórica que aos poucos foi se instaurando em nossa sociedade por meio de ações e ferramentas ideológicas muito bem mascaradas, mas que todos nós permitimos. Agora o trabalho é duro...
    Sabe, aprender, estudar, pesquisar, independe da tecnologia usada, se é giz e lousa, se é data show. O recurso não vai determinar a aprendizagem, pode facilitar, mas nunca determinar. O interesse, a valorização é que são determinantes no processo de ensino e aprendizagem e a ponte para isso é a comunicação, o diálogo. Como eu posso ter um diálogo entre estereótipos?
    O aluno da escola atual é idealizado, o professor é idealizado e a escola de nosso tempo é igualmente idealizada.
    Tais sujeitos e esta escola só existem no mundo prescrito, no papel, nos índices.
    A escola, alunos e professores da vida real são outros e é com estes que nós devemos dialogar, nos comunicar e aprender e ensinar.
    Acho que é isso, ou mais ou menos isso.

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