O que sinto?
É como um vulcão gelado
que implode e explode com a mesma intensidade
E não se sustenta,
E quando a lava se desprende de tamanha internidade,
É no peito que se cristaliza e se instaura
em tentativas de migração para qualquer coisa como voz, ou manifestação...
Às vezes meu vulcão é choro explodido, é lágrima quente sobre a face triste.
Às vezes é sorriso torto, contentamento turvo, sob um respiro morno...
Às vezes nem choro nem riso, é só um estado, um tempo, uma vontade perdida.
No cume desta montanha gelada, perdi meus sonhos encantados,
Minhas pedras de sustentação,
Minhas lágrimas a queima-roupa.
Perdi meus olhos visionários, meus dons embrionários,
Minha coragem infantil, minhas asas na ventania...
Nessa esfera gelada, meus pés se prostraram
e meu corpo suspenso pelo fio das lembranças do que pude ser e não fui...
Nessa era solitária, sou uns passos perdidos na escalada deste vulcão
e sou lava fervente sobre meus pés na contra-mão.
Sou sangue nas veias, no peito e na saliva.
Sou o gosto salgado e insosso das esperanças perdidas.
Sou ainda, inverso sem pressa, nevasca que não cessa,
Madrugada que arte e não amanhece, escuridão fosca que entorpece,
Mansidão que grita e não se escuta.
Dor que ferve e não se inflama.
Corte que sangra e coalha e ninguém vê...
Sou a voz que chama com risos nos olhos e lágrimas na poesia,
Com ternura nas rusgas e dança na apatia,
Sou febre que passa, com um olhar na alma
Sou alma que vibra com um atento abraço,
Sou lava desse vulcão eterno,
Sou montanha ardente e fria,
Sou gelo, que roga por fervura,
Sou fogo que aflita ventania...
Que lindo, Eva!!!
ResponderExcluirO que emociona é a carga de vivência entranhada na escrita, vivência que não é só a sua, mas a de D. Diomarina, do Sr.Manuel, e é também de todo ancestral nordestino, latino, africano, enfim de todo humano que percebe, inexplicavelmente, a magia que é viver, experienciar a vida! Essa vivência, essa carga de ancestralidade que jorra num texto, ou na voz de um Milton Nascimento, de uma Virgínia Rodrigues, de uma Mônica Salmaso, cantando Afro-Sambas, no canto de fala sertaneza de Elomar, nas "Coisas" (nº1,2,3,6, todas) de Moacir Santos ou na voz da Teresa Salgueiro do Madredeus, que é expressão de ancestralidade em cada frase. Tudo isso dá sentido e consistência subjetiva à vida!!!
Tá vendo quanta emoção um poema pode desencadear,rsrs?
Bjo & Parabéns pela felicidade na escrita do poema!!!
Gilson
nossa Gilson... que lindo!!! como você é generoso!!! E pelo pouco que te conheço essa generosidade faz parte de sua "vivência", é real... um beijo e obrigada pelas belas palavras e por trazer a D. Diomarina e o Sr. Manuel, com certeza, se estivessem lendo seu comentário agora, ficariam muito feliz... :)
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