A minha fome também é desse mar, dessa água verdinha, dessa mansidão que parece me abraçar...
A fome que é minha é além; é de mar-a-mar...
A sede que meu corpo tem, também não é só desse lugar, desse segundo...
meus olhos pedem sempre outro ponto de luz, outro céu, outra iluminação...
...a vista que bebo dia, tarde, auroras adentro, navega leve na esfera sem tempo...
reflexo nu, jardim de firmamento...
A fome que sinto, a sede que quero matar,
é ponte de levar, água de correr, estrela que anuncia...
...é música que leva corpo e olhar longe daqui...
...é data que prevejo,
sabor, desejo, herança de sonhar muito além de todo cantar
...é uma vontade criança, que rabisca na janela embaçada
ou na terra solta do chão
uma mão estendida,
sonhando doce e atrevida, um colo-descanso-imensidão
nas águas verdinhas do mar-a-mar
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