Da janela da caatinga, troncos retorcidos, raízes profundas, fome de água,
sede de compreensão dão o tom e a rima do lugar...
bichos e plantas e gentes caminham iguais;
uns matam a fome do outro;
outros tantos nem tanto,
mas o olhar que se desenha ao pé de cada cerca,
de cada porta, por e nascer do sol, é justo, de encanto e de espera...
Na casca seca, áspera, rude, aparentemente infértil, o contrassenso da dor e do renascimento...
desencanto e poesia... mansidão e ventania...espinho e paciência..
Na pele rachada, seca, queimada, envelhecida pela secura do tempo...
cresce sem pressa a armadura e guardiã do alimento...
repousa sutil, de cantil a cantil...a resiliência...
Nos troncos retorcidos, raízes profundas, na dor e na poesia da caatinga nasceu meu olhar de menina,
meus olhos desconfiados e secos, minha palavra rude, áspera, meu espinho existencial,
minha sede de semear mansidão e ventania...
do chão seco, quente, queimado,
trago meu desejo de flor e chuva...
minha sede de espera, primavera...poesia...
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