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Sonhar é preciso, nem que for sonho de padaria...

Nem uma coisa nem outra, o que há entre elas é o que me encanta

domingo, 6 de janeiro de 2013

caatinga

Da janela da caatinga, troncos retorcidos, raízes profundas, fome de água, 
sede de compreensão dão o tom e a rima do lugar...
bichos e plantas e gentes caminham iguais; 
uns matam a fome do outro; 
outros tantos nem tanto, 
mas o olhar que se desenha ao pé de cada cerca, 
de cada porta, por e nascer do sol, é justo, de encanto e de espera...

Na casca seca, áspera, rude, aparentemente infértil, o contrassenso da dor e do renascimento... 
desencanto e poesia... mansidão e ventania...espinho e paciência..
Na pele rachada, seca, queimada, envelhecida pela secura do tempo... 

cresce sem pressa a armadura e guardiã do alimento...
repousa sutil, de cantil a cantil...a resiliência...

Nos troncos retorcidos, raízes profundas, na dor e na poesia da caatinga nasceu meu olhar de menina, 

meus olhos desconfiados e secos, minha palavra rude, áspera, meu espinho existencial, 
minha sede de semear mansidão e ventania...
do chão seco, quente, queimado, 

trago meu desejo de flor e chuva...
minha sede de espera, primavera...poesia...

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